Câncer de mama? / Reconstrução Mamária

A mama é o caráter sexual secundário mais importante na mulher e símbolo de feminilidade. A reconstrução da mama tem por objetivo melhorar a qualidade de vida das mulheres submetidas a um tratamento cirúrgico que tenha deixado seqüelas funcionais, estéticas e/ou psicológicas. A finalidade da reconstrução mamária não é somente restituir a integridade corporal, mas também recompor a imagem psíquica comprometida por problemas de auto-imagem, aceitação social, dificuldades sexuais e na vida a dois.

Do ponto de vista oncológico, é cada vez mais aceita a iniqüidade da reconstrução mamária, incluindo mulheres com metástases, devido ao benefício trazido pela melhora da qualidade de sua existência. Vários estudos sugerem que a reconstrução não acarreta risco adicional de recidiva local ou reaparição da doença.

Em nível estritamente cirúrgico, o objetivo da reconstrução mamária é tornar o “seio” acometido mais parecido em tamanho, forma, consistência, mobilidade e grau de naturalidade com seu par contralateral.

Reconstrução fazer ou não fazer?

A necessidade da reconstrução, o momento e a técnica a ser utilizada devem ser decididas individualmente, caso a caso, e se possível, contar com a ajuda de um comitê interdisciplinar de patologia mamária.

Por que a paciente solicita a reconstrução:

  • Para não perder sua simetria corporal, a qual mantém a auto-estima e o equilíbrio psicológico.
  • Para sentir-se novamente atraente e poder vestir todo tipo de roupas
  • Para melhorar sua relação com o mundo ao redor, particularmente com seu parceiro.

Por que a paciente evita a reconstrução:

  • Está preocupada com a realização de outra cirurgia
  • Pela incerteza do resultado
  • Por medo dos efeitos sobre problemas futuros do câncer de mama
  • Por desaprovação de familiares ou da sociedade
  • Mulheres com idade avançada

 

Momento da reconstrução tendência atual tem sido antecipar ao máximo a reconstrução.

Reconstrução Imediata é aquela realizada ao mesmo tempo da cirurgia oncológica proposta para tratamento do câncer de mama.

Vantagens:

  • Ameniza o sentimento de mutilação
  • Melhor adaptação psicológica, com diminuição da depressão
  • Permite utilizar tecidos sem fibrose cicatricial

Desvantagens:

  • Exige uma boa relação entre duas equipes cirúrgicas, com necessidade de bom entendimento na coordenação do trabalho dos dois cirurgiões.

Indicações:

  • Para muitos autores, todas as pacientes são candidatas à reconstrução mamária imediata. Porém, isto não é claro nas doenças localmente avançadas, onde a possibilidade de recidiva local e a necessidade de irradiação poderiam prejudicar os resultados. Também há controvérsias na doença metastática, por isso cada caso deve ser individualizado, uma vez que há mulheres que vivem anos com suas metástases e a reconstrução beneficiaria sua qualidade de vida.

Contra – indicações (Quando a reconstrução não é recomendada):

  • Instabilidade psicológica, devido a diferenças entre o que a paciente espera e o que realmente a reconstrução pode lhe oferecer.
  • Doença localmente avançada. É melhor adiar a reconstrução até que se consiga o controle local da doença.

 

Reconstrução Imediata ou tardia? Vantagens e desvantagens

Reconstrução Tardia é à reconstrução mamária realizada entre 6 meses e dois anos após a mastectomia, para que os tecidos tenham recuperado sua elasticidade e seu trofismo, nos casos em que a reconstrução imediata não foi realizada.

É importante lembrar que TABAGISMO, OBESIDADE, além de algumas patologias clínicas como Diabetes Mellitus, Esclerodermias, Vasculopatias, entre outras, podem contra-indicar a reconstrução, tanto imediata, quanto tardia, devido ao risco de resultados insatisfatórios.

 

Principais técnicas cirúrgicas

Existem várias maneiras de se reconstruir a mama após mastectomia. Cada técnica tem indicação específica e, como já foi dito, sempre será respeitada a individualidade de cada caso, para que se tome a melhor decisão.

Técnicas cirúrgicas:

  1. Próteses de silicone
  2. Expansores tissulares
  3. Rotação de retalhos:
  • Fasciocutâneos: tóraco-abdominal, tóraco-lateral
  • Mios cutâneos: músculo reto abdominal epigástrico, músculo grande dorsal, músculo reto abdominal inferior (TRAM)

E a outra mama, o que fazer?

 Para grandes mamas e grandes defeitos é melhor a mamoplastia combinada com a redução da mama contralateral, conhecida como simetrização.

Reconstrução/cirurgia da aréola e mamilos:

Pode ser realizada ao mesmo tempo ou num segundo tempo em relação à reconstrução do corpo mamário. A aréola é facilmente reconstituída com enxerto de pele proveniente da outra aréola ou com pele da face interna da coxa ou região inguinal. Bons resultados também são obtidos com tatuagem.

O mamilo (ou “bico do seio”) é mais difícil, pois tende a se aplainar. O melhor método tem sido a bipartição do outro mamilo e implante sobre a nova aréola, embora outras técnicas podem ser empregadas.

Cuidados durante o pré e pós–cirurgia reconstrutora

   O preparo pré-operatório inclui realização de exames gerais, como hemograma, glicemia de jejum, coagulação sanguínea, eletrocardiograma, RX de tórax, entre outros, para se certificar das boas condições para anestesia e para o próprio procedimento cirúrgico.

Depois de uma cirurgia de mama, quando a paciente recebe alta e vai para casa, alguns cuidados serão necessários para a limpeza e higienização do local da operação. O médico dará todas as orientações sobre como proceder e a rotina da limpeza vai se mostrar uma tarefa bastante simples.

A cirurgia pode exigir que a paciente mantenha por algum tempo um dreno para a eliminação dos fluidos que naturalmente são produzidos pelo organismo após um corte. Se a cirurgia é extensa, é utilizado um dreno a vácuo, que tem uma forma similar à de uma sanfona. O dreno a vácuo tem acoplada uma pequena bolsa que precisa ser retirada a cada 24 horas, esvaziada e lavada apenas com água. Já as cirurgias de pequena extensão utilizam um dreno simples e o local fica protegido com o uso de curativo feito com gaze e esparadrapo antialérgico.

Qualquer que seja o dreno utilizado, a região operada deve ser lavada com água e sabonete diariamente. Não é necessário colocar qualquer outro medicamento. O curativo também deve ser trocado diariamente.

A secreção eliminada pelo dreno deve ser observada pela paciente. Quando se usa a bolsinha, a secreção deve ser medida antes do esvaziamento e os dados, anotados, devem ser levados ao médico na próxima consulta. Nas pequenas cirurgias, basta observar a quantidade de líquido eliminado. Quando a quantidade de sangue for muito grande, a ponto de encharcar o curativo várias vezes ao dia, a paciente deve se comunicar com o médico.

É comum, também, que nos primeiros dias em casa a paciente se queixe de dor na região do corte. Essa dor é tolerável e pode ser eliminada com medicamentos comuns contra dor, também indicados pelo médico.

Em geral, o período até a retirada do dreno – que é feita pelo médico – transcorre sem problemas. O importante é estar atento se a quantidade de líquido eliminado não é muito grande, à eventual ocorrência de dores muito fortes e à presença de mau odor intenso ou febre. Na ocorrência desse tipo de problema, a paciente deve comunicar-se com o médico.

Mesmo com o dreno, é preciso movimentar o braço. Embora ainda não seja possível retomar todos os movimentos na amplitude e intensidade habitual, o que varia conforme a extensão da cirurgia, a paciente deve fazer os movimentos que lhe foram ensinados pelo fisioterapeuta ou pelo médico após a cirurgia.

 

Fonte:www.oncoguia.com.br